Os Doentes augusto dos anjos

 Poema "Os Doentes" um dos melhores poemas de Augusto dos Anjos. Confiram!!!!!!!!

Os doentes 

Como uma cascavel que se enroscava 

A cidade dos lázaros dormia... 

Somente, na metrópole vazia, 

Minha cabeça autônoma pensava! 

Mordia-me a obsessão má de que havia, 

Sob os meus pés, na terra onde eu pisava, 

Um fígado doente que sangrava 

E uma garganta de órfã que gemia! 

Tentava compreender com as conceptivas 

Funções do encéfalo as substâncias vivas 

Que nem Spencer, nem Haeckei compreenderam. . . 

E via em mim, coberto de desgraças, 

O resultado de biliões de raças 

Que há muitos anos desapareceram! 

II 

Minha angústia feroz não tinha nome. 

Ali, na urbe natal do desconsolo, 

Eu tinha de comer o último bolo 

Que Deus fazia para a minha fome! 

Convulso, o vento entoava um pseudopsalmo. 

Contrastando, entretanto, com o ar convulso 

A noite funcionava como um pulso 

Fisiologicamente muito calmo. 

Caíam sobre os meus centros nervosos, 

Como os pingos ardentes de cem velas, 

O uivo desenganado das cadelas 

E o gemido dos homens bexigosos. 

Pensava! E em que eu pensava, não perguntes! 

Mas, em cima de um túmulo, um cachorro 

Pedia para mim água e socorro 

A comiseração dos transeuntes! 

Bruto, de errante rio, alto e hórrido, o urro 

Reboava. Além jazia aos pés da serra, 

Creando as superstições de minha terra, 

A queixada específica de um burro! 

Gordo adubo da agreste urtiga brava, 

Benigna água, magnânima e magnífica, 

Em cuja álgida unção, branda e beatifica, 

A Paraíba indígena se lava! 

A manga, a ameixa, a amêndoa, a abóbora, o álamo 

E a câmara odorífera dos sumos 

Absorvem diariamente o ubérrimo húmus 

Que Deus espalha à beira do teu tálamo! 

Nos de teu curso desobstruídos trilhos, 

Apenas eu compreendo, em quaisquer horas, 

O hidrogênio e o oxigênio que tu choras 

Pelo falecimento dos teus filhos! 

Ah! Somente eu compreendo, satisfeito, 

A incógnita psiquê das massas mortas 

Que dormem, como as ervas, sobre as hortas, 

Na esteira egualitária do teu leito! 

O vento continuava sem cansaço 

E enchia com a fluidez do eólico hissope 

Em seu fantasmagórico galope 

A abundância geométrica do espaço. 

Meu ser estacionava, olhando os campos 

Circunjacentes. No Alto, os astros miúdos 

Reduziam os Céus sérios e rudos 

A uma epiderme cheia de sarampos! 

III 

Dormia em baixo, com a promíscua véstia 

No embotamento crasso dos sentidos, 

A comunhão dos homens reunidos 

Pela camaradagem da moléstia. 

Feriam-me o nervo óptico e a retina 

Aponevroses e tendões de Aquiles, 

Restos repugnantíssimos de bílis, 

Vômitos impregnados de ptialina. 

Da degenerescência étnica do Ária 

Se escapava, entre estrépitos e estouros 

Reboando pelos séculos vindouros, 

O ruído de uma tosse hereditária. 

Oh! desespero das pessoas tísicas, 

Adivinhando o frio que há nas lousas, 

Maior felicidade é a destas cousas 

Submetidas apenas às leis físicas! 

Estas, por mais que os cardos grandes rocem 

Seus corpos brutos, dores não recebem; 

Estas dos bacalhaus o óleo não bebem 

Estas não cospem sangue, estas não tossem! 

Descender dos macacos catarríneos, 

Cair doente e passar a vida inteira 

Com a boca junto de uma escarradeira, 

Pintando o chio de coágulos sanguíneos! 

Sentir, adstrictos ao quimiotropismo 

Erótico, os micróbios assanhados 

Passearem, como inúmeros soldados, 

Nas cancerosidades do organismo! 

Falar somente uma linguagem rouca, 

Um português cansado e incompreensível, 

Vomitar o pulmão na noite horrível 

Em que se deita sangue pela boca! 

Expulsar, aos bocados, a existência 

Numa bacia autômata de barro, 

Alucinado, vendo em cada escarro 

O retrato da própria consciência! 

Querer dizer a angústia de que é pábulo, 

E com a respiração já muito fraca 

Sentir como que a ponta de uma faca, 

Cortando as raízes do último vocábulo! 

Não haver terapêutica que arranque 

Tanta opressão como se, com efeito 

Lhe houvessem sacudido sobre o peito 

A máquina pneumática de Bianchi! 

E o ar fugindo e a Morte a arca da tumba 

A erguer, como um cronômetro gigante, 

Marcando a transição emocionante 

Do lar materno para a catacumba! 

Mas vos não lamenteis, magras mulheres, 

Nos ardores danados da febre hética, 

Consagrando vossa última fonética 

A uma recitação de misereres. 

Antes levardes ainda uma quimera 

Para a garganta omnívora das lajes 

Do que morrerdes, hoje, urrando ultrajes 

Contra a dissolução que vos espera! 

Porque a morte, resfriando-vos o rosto, 

Consoante a minha concepção vesânica, 

É a alfândega, onde toda a vida orgânica 

Há de pagar um dia o último imposto! 

IV 

Começara a chover. Pelas algentes 

Ruas, a água, em cachoeiras desobstruídas, 

Encharcava os buracos das feridas, 

Alagava a medula dos Doentes! 

Do fundo do meu trágico destino, 

Onde a Resignação os braços cruza, 

Saía, com o vexame de uma fusa, 

A mágoa gaguejada de um cretino. 

Aquele ruído obscuro de gagueira 

Que à noite, em sonhos mórbidos, me acorda. 

Vinha da vibração bruta da corda 

Mais recôndita da alma brasileira! 

Aturdia-me a tétrica miragem 

De que, naquele instante, no Amazonas, 

Fedia, entregue a vísceras glutonas, 

A carcaça esquecida de um selvagem. 

A civilização entrou na taba 

Em que ele estava. O gênio de Colombo 

Manchou de opróbrios a alma do mazombo, 

Cuspiu na cova do morubixaba! 

E o índio, por fim, adstricto à étnica escória, 

Recebeu, tendo o horror no rosto impresso, 

Esse achincalhamento do progresso 

Que o anulava na crítica da História! 

Como quem analisa um. apostema, 

De repente, acordando na desgraça, 

Viu toda a podridão de sua raça... 

Na tumba de Iracema! ... 

Ah! Tudo, como um lúgubre ciclone, 

Exercia sobre ele ação funesta 

Desde o desbravamento da floresta 

A ultrajante invenção do telefone. 

E sentia-se pior que um vagabundo 

Microcéfalo vil que a espécie encerra 

Desterrado na sua própria terra, 

Diminuído na crônica do mundo! 

A hereditariedade dessa pecha 

Seguiria seus filhos. Dora em deante 

Seu povo tombaria agonizante 

Na luta da espingarda com a flecha! 

Veio-lhe então como à fêmea vem antojos, 

Uma desesperada ânsia improfícua 

De estrangular aquela gente iníqua, 

Que progredia sobre os seus despojos! 

Mas, deante a xantocróide raça loura, 

Jazem, caladas, todas as inúbias, 

E agora, sem difíceis nuanças dúbias, 

Com uma clarividência aterradora, 

Em vez da prisca tribo e indiana tropa 

A gente deste século, espantada, 

Vê somente a caveira abandonada 

De uma raça esmagada pela Europa! 

Era a hora em que arrastados pelos ventos, 

Os fantasmas hamléticos dispersos 

Atiram na consciência dos perversos 

A sombra dos remorsos famulentos. 

As mães sem coração rogavam pragas 

Aos filhos bons. E eu, roído pelos medos, 

Batia com o pentágono dos dedos 

Sobre um fundo hipotético de chagas! 

Diabólica dinâmica daninha 

Oprimia meu cérebro indefeso 

Com a força onerosíssima de um peso 

Que eu não sabia mesmo de onde vinha. 

Perfurava-me o peito a áspera pua 

Do desânimo negro que me prostra, 

E quase a todos os momentos mostra 

Minha caveira aos bêbedos da rua. 

Hereditariedades politípicas 

Punham na minha boca putrescível 

Interjeições de abracadabra horrível 

E os verbos indignados das Filípicas. 

Todos os vocativos dos blasfemos, 

No horror daquela noite monstruosa, 

Maldiziam, com voz estentorosa, 

A peçonha inicial de onde nascemos. 

Como que havia na ânsia de conforto 

De cada ser, ex.: o homem e o ofídio, 

Uma necessidade de suicídio 

E um desejo incoercível de ser morto! 

Naquela angústia absurda e tragicômica 

Eu chorava, rolando sobre o lixo, 

Com a contorção neurótica de um bicho 

Que ingeriu 30 gramas de nux-vômica. 

E, como um homem doido que se enforca, 

Tentava, na terráquea superfície, 

Consubstandar-me todo com a imundície, 

Confundir-me com aquela coisa porca! 

Vinha, às vezes, porém, o anelo instável 

De, com o auxílio especial do osso masséter 

Mastigando homeomérias neutras de éter 

Nutrir-me da matéria imponderável. 

Anelava ficar um dia, em suma, 

Menor que o anfióxus e inferior à tênia, 

Reduzido à plastídula homogênea, 

Sem diferenciação de espécie alguma. 

Era (nem sei em síntese o que diga) 

Um velhíssimo instinto atávico, era 

A saudade inconsciente da monera 

Que havia sido minha mãe antiga! 

Com o horror tradicional da raiva corsa 

Minha vontade era, perante a cova, 

Arrancar do meu próprio corpo a prova 

Da persistência trágica da força. 

A pragmática má de humanos usos 

Não compreende que a Morte que não dorme 

É a obsorção do movimento enorme 

Na dispersão dos átomos difusos. 

Não me incomoda esse último abandono. 

Se a carne individual hoje apodrece, 

Amanhã, como Cristo, reaparece 

Na universalidade do carbono! 

A vida vem do éter que se condensa, 

Mas o que mais no Cosmos me entusiasma 

É a esfera microscópica do plasma 

Fazer a luz do cérebro que pensa. 

Eu voltarei, cansado da árdua liça, 

A substância inorgânica primeva, 

De onde, por epigênesis, veio Eva 

E a stirpe radiolar chamada Actissa! 

Quando eu for misturar-me com as violetas, 

Minha lira, maior que a Bíblia e a Fedra, 

Reviverá, dando emoção à pedra, 

Na acústica de todos os planetas! 

VI 

À álgida agulha, agora, alva, a saraiva 

Caindo, análoga era... Um cão agora 

Punha a atra língua hidrófoba de fora 

Em contracções miológicas de raiva. 

Mas, para além, entre oscilantes chamas, 

Acordavam os bairros da luxúria... 

As prostitutas, doentes de hematúria, 

Se extenuavam nas camas. 

Uma, ignóbil, derreada de cansaço, 

Quase que escangalhada pelo vício, 

Cheirava com prazer no sacrifício 

A lepra má que lhe roía o braço! 

E, ensangüentava os dedos da mão nívea 

Com o sentimento gasto e a emoção pobre, 

Nessa alegria bárbara que cobre 

Os saracoteamentos da lascívia... 

De certo, a perversão de que era presa 

O sensorium daquela prostituta 

Vinha da adaptação quase absoluta 

À ambiência microbiana da baixeza! 

Entanto, virgem fostes, e, quando o éreis, 

Não tínheis ainda essa erupção cutânea, 

Nem tínheis, vítima última da insânia, 

Duas mamárias glândulas estéreis! 

Ah! Certamente, não havia ainda 

Rompido, com violência, no horizonte, 

O sol malvado que secou a fonte 

De vossa castidade agora finda! 

Talvez tivésseis fome, e as mãos, embalde, 

Estendestes ao mundo, até que, à toa, 

Fostes vender a virginal coroa 

Ao primeiro bandido do arrabalde. 

E estais velha! — De vós o mundo é farto, 

E hoje, que a sociedade vos enxota, 

Somente as bruxas negras da derrota 

Freqüentam diariamente vosso quarto! 

Prometem-vos. (quem sabe?!) entre os ciprestes 

Longe, da mancebia dos alcouces, 

Nas quietudes nirvânicas mais doces. 

O noivado que em vida não tivestes! 

VII 

Quase todos os lutos conjugados, 

Como, uma associação de monopólio, 

Lançavam pinceladas pretas de óleo 

Na arquitetura arcaica dos sobrados. 

Dentro da noite funda um braço humano 

Parecia cavar ao longe um poço 

Para enterrar minha ilusão de moço, 

Como a boca de um poço artesiano! 

Atabalhoadamente pelos becos, 

Eu pensava nas coisas que perecem. 

Desde as musculaturas que apodrecem 

À ruína vegetal dos lírios secos. 

Cismava no propósito funéreo 

Da mosca debochada que fareja 

O defunto, no chão frio da igreja, 

E vai depois levá-lo ao cemitério! 

E esfregando as mãos magras, eu, inquieto, 

Sentia, na craniana caixa tosca, 

A racionalidade dessa mosca, 

A consciência terrível desse inseto! 

Regougando, porém, argots e aljâmias, 

Como quem nada encontra que o perturbe, 

A energúmena grei dos ébrios da urbe 

Festejava seu sábado de infâmias. 

A estática fatal das paixões cegas, 

Rugindo fundamente nos neurônios, 

Puxava aquele povo de demônios 

Para a promiscuidade das adegas. 

E a ébria turba que escaras sujas masca, 

A falta idiosincrásica de escrúpulo, 

Absorvia com gáudio absinto, lúpulo 

E outras substâncias tóxicas da tasca. 

O ar ambiente cheirava a ácido acético, 

Mas, de repente, com o ar de quem empesta, 

Apareceu, escorraçando a festa, 

A mandíbula inchada de um morfético! 

Saliências polimórficas vermelhas, 

Em cujo aspecto o olhar perspícuo prendo, 

Punham-lhe num destaque horrendo o horrendo 

Tamanho aberratório das orelhas. 

O fácies do morfético assombrava! 

— Aquilo era uma negra eucaristia, 

Onde minh'alma inteira surpreendia 

A Humanidade que se lamentava! 

Era todo o meu sonho, assim, inchado, 

Já podre, que a morféa miserável 

Tornava às impressões tactis, palpável, 

Como se fosse um corpo organizado! 

VIII 

Em torno a mim, nesta hora, estriges voam, 

E o cemitério, em que eu entrei adrede, 

Dá-me a impressão de um boulevard que fede 

Pela degradação dos que o povoam. 

Quanta gente, roubada à humana coorte, 

Morre de fome, sobre a palha espessa, 

Sem ter, como Ugolino, uma cabeça 

Que possa mastigar na hora da morte; 

E nua, após baixar ao caos budista, 

Vem para aqui, nos braços de um canalha, 

Porque o madapolão para a mortalha 

Custa 1 200 ao lojista! 

Que resta das cabeças que pensaram?! 

E afundado nos sonhos mais nefastos, 

Ao pegar num milhão de miolos gastos, 

Todos os meus cabelos se arrepiaram. 

Os evolucionismos benfeitores 

Que por entre os cadáveres caminham, 

Iguais a irmãs de caridade, vinham 

Com a podridão dar de comer às flores! 

Os defuntos então me ofereciam 

Com as articulações das mãos inermes, 

Num prato de hospital, cheio de vermes, 

Todos os animais que apodreciam! 

É possível que o estômago se afoite 

(Muito embora contra isto a alma se irrite) 

A cevar o antropófago apetite, 

Comendo carne humana, à meia-noite! 

Com uma ilimitadíssima tristeza, 

Na impaciência do estômago vazio, 

Eu devorava aqueje bolo frio 

Feito das podridões da Natureza! 

E hirto, a camisa suada, a alma aos arrancos. 

Vendo passar com as túnicas obscuras, 

As escaveiradíssimas figuras 

Das negras desonradas pelos brancos; 

Pisando, como quem salta, entre fardos, 

Nos corpos nus das moças hotentotes 

Entregues, ao clarão de alguns archotes, 

A sodomia indigna dos moscardos; 

Eu maldizia o deus de mãos nefandas 

Que, transgredindo a egualitária regra 

Da Natureza, atira a raça negra 

Ao contubérnio diário das quitandas! 

Na evolução de minha dor grotesca, 

Eu mendigava aos vermes insubmissos 

Como indenização dos meus serviços, 

O benefício de uma cova fresca. 

Manhã. E eis-me a absorver a luz de fora, 

Como o íncola do pólo ártico, às vezes, 

Absorve, após a noite de seis meses, 

Os raios caloríficos da aurora. 

Nunca mais as goteiras cairiam 

Como propositais setas malvadas, 

No frio matador das madrugadas, 

Por sobre o coração dos que sofriam! 

Do meu cérebro à absconsa tábua rasa 

Vinha a luz restituir o antigo crédito, 

Proporcionando-me o prazer inédito, 

De quem possui um sol dentro de casa. 

Era a volúpia fúnebre que os ossos 

Me inspiravam, trazendo-me ao sol claro, 

À apreensão fisiológica do faro 

O odor cadaveroso dos destroços! 

IX 

O inventário do que eu já tinha sido 

Espantava. Restavam só de Augusto 

A forma de um mamífero vetusto 

E a cerebralidade de um vencido! 

O gênio procreador da espécie eterna 

Que me fizera, em vez de hiena ou lagarta, 

Uma sobrevivência de Sidarta, 

Dentro da filogênese moderna; 

E arrancara milhares de existências 

Do ovário ignóbil de uma fauna imunda, 

Ia arrastando agora a alma infecunda 

Na mais triste de todas as falências. 

Um céu calamitoso de vingança 

Desagregava, déspota e sem normas, 

O adesionismo biôntico das formas 

Multiplicadas pela lei da herança! 

A ruína vinha horrenda e deletéria 

Do subsolo infeliz, vinha de dentro 

Da matéria em fusão que ainda há no centro, 

Para alcançar depois a periferia! 

Contra a Arte, oh! Morte, em vão teu ódio exerces! 

Mas, a meu ver, os sáxeos prédios tortos 

Tinham aspectos de edifícios mortos 

Decompondo-se desde os alicerces! 

A doença era geral, tudo a extenuar-se 

Estava. O Espaço abstracto que não morre 

Cansara... O ar que, em colônias fluidas, corre, 

Parecia também desagregar-se! 

Os pródromos de um tétano medonho 

Repuxavam-me o rosto... Hirto de espanto, 

Eu sentia nascer-me n'alma, entanto, 

O começo magnífico de um sonho! 

Entrem formas decrépitas do povo, 

Já batiam por cima dos estragos 

A sensação e os movimentos vagos 

Da célula inicial de um Cosmos novo! 

O letargo larvário da cidade 

Crescia. Igual a um parto, numa furna, 

Vinha da original treva nocturna, 

O vagido de uma outra Humanidade! 

E eu, com os pés atolados no Nirvana, 

Acompanhava, com um prazos secreto, 

A gestação daquele grande feto, 

Que vinha substituir a Espécie Humana!

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